Mãe Viajante em Shanghai

Foto do canal Cities of The World, no YouTube


O texto de hoje vai nos transportar para o destino mais recente da família Proença Schittini: Xangai, na China! Passamos uma semana por lá, tempo suficiente para nos apaixonarmos pela cidade e voltarmos cheios de histórias para contar. Eu poderia ficar horas aqui falando sobre o quão cosmopolita é Xangai, sobre como é incrível ver as camadas de história na cidade, sobre as comidas maravilhosas, o charme shanghainese, os perrengues com internet na China continental etc etc. Mas meu foco, aqui, é falar da experiência de visitar a cidade com uma criança pequena :) Para a leitura não ficar cansativa, vou dividir o relato em uma série de posts. Então vamos lá!

Dessa vez a nossa dinâmica foi um pouco diferente, porque meu marido foi a trabalho. Logo, havia um a menos para decidir os passeios diurnos. Procurei escolher, entre as principais atrações turísticas, aquelas que permitiam uma liberdade maior para crianças. Lipe tem muita energia para gastar e fica entediado se passa o tempo todo no carrinho. Daí eu sempre tinha em mente que o passeio deveria me dar a possibilidade de soltá-lo para ele andar e correr um pouco. Em outras palavras: tchau, templos budistas maravilhosos! Depois dos olhares tenebrosos no tempo zen em Kyoto, sosseguei de querer ver cada detalhe, de me conectar com o cosmos, rs. Lipe e zen estão em pontos opostos na escala :P

O que eu fiz em Xangai, então? Escolhi apenas um templo e vi de forma mais en passant. Concessões que a gente tem que fazer, não é? Quando ele estiver maiorzinho, daí sim será mais tranquilo inclui-lo em todos os programas. Em vez de ficar sonhando com este dia, escolhi ver a beleza da fase atual do meu Mogli. Visitamos diversos parques e áreas abertas, onde ele correu, pulou e brincou à vontade!

Eis o nosso roteiro:

Dia 1 - Templo de flanar 

Sempre tiramos o primeiro dia para uma espécie de reconhecimento de território. Andamos pelo bairro onde ficamos hospedados (Jing´an, que é bem central e eu super recomendo) e mapeamos questões fundamentais, tipo: que tipo de restaurantes existem por perto, oferta de transporte público, parques, hospitais, como é a experiência de andar a pé/com carrinho de bebê etc. É um dia de flanar despretensiosamente, sentindo qual é a tônica da cidade.

Nosso hotel ficava na Nanjing Road, que é uma artéria que praticamente atravessa a cidade. Foi muito tranquilo andar por ali e ter essa avenida como referência espacial ajudou muito. A Nanjing é super pulsante, viva, por vezes com um ar meio Champs-Elysees. Entre as infinitas opções de lojas, chamam a atenção as vitrines de marcas de luxo. Muitas mesmo. Os chineses estão com bala na agulha! Achei um pouco curioso dar de cara com esse aspecto logo de cara, porque a gente imagina outra coisa quando vai para a China comunista. Xangai é bastante mais complexa!

Dia 2 - Jing´an Temple e Jing´an Park. Ou: it´s time to jump!





Caminhando pela Nanjing Road, a apenas 15 minutos do hotel, chegamos ao Jing´an Temple. Trata-se de um templo budista cravado no meio da cidade, entre prédios enormes e espelhados. O contraste entre as arquiteturas, entre pagodas douradas e arranha-céus, é muito interessante.

Camadas de história em Xangai


O bilhete custou cerca de 20 CNY (Chinese Yuan) e o Lipe não precisou pagar. Logo na entrada, caímos em um enorme pátio onde acontece o ritual do incenso. Se você quiser fazer como os locais, pode comprar os bastões e acendê-los no queimador que fica lá mesmo, no pátio. Os chineses se posicionam de frente para o templo com os bastões na mão, encostando-os na testa, e abaixam o tronco três vezes, em reverência. Em seguida, fazem o mesmo virados para a direita e vão fazendo em todas as direções. Quando terminam, depositam o incenso no local apropriado (uma espécie de forno murado, não sei explicar) e seguem para o templo.

Ainda no pátio, existe uma enorme torre de três andares com janelinha em cada um. A tradição é jogar moedas e tentar acertar uma dessas janelas. Se você acertar, é um prenúncio de boa sorte :) Eu errei a minha, mas acertei a do Lipe! Yay!

Parte do ritual do incenso no Jing´an Temple


A foto da torre onde jogam as moedas eu peguei aqui: www.movingshoe.com

Para chegar ao salão principal do templo, precisei deixar o carrinho lá embaixo e subir uma escadaria de mãos dadas com o Lipe. Conversamos, eu falei que precisava que ele se comportasse e que daria este voto de confiança para vermos juntos o Buda. Ha, ha, ha. Ao chegarmos lá, ele viu as almofadas budistas de meditação e gritou: it´s time to jump! Eu congelei tipo a abertura de Avenida Brasil. Corri, peguei meu menino pela mão e entendi que era hora de partir.

Chegada no Jing´an Park: sempre fazendo amizades :P

Jing´an Park é um oásis no meio da agitada Nanjing Road


Atravessamos a rua e fomos brincar no Jing´an Park. Agora sim ele podia pular sossegado! O parque é aberto, super limpo, com bastante área verde e um cantinho com escorregadores para as crianças. Brincamos bastante por lá, Lipe fez amizade com os chinesinhos e eu fiquei pensando em como a brincadeira é uma grande linguagem universal. Vejam só: um garotinho jogou sua garrafa de água escorregador abaixo, como se ela fosse uma criança a brincar também. Lipe achou o máximo e deu risada, reforçando a invenção do amigo. A partir daí, a cena se repetiu incontáveis vezes e eles estabeleceram um vínculo sem falarem o mesmo idioma. Aliás, sem falar nada! O código era apenas sorrisos e acolhimento.

Sempre me emociono com o fato de meu filho estar crescendo em meio às diferenças culturais. Acho que isso vai ser muito valioso para ele. Terminamos o passeio com um café nas barraquinhas do parque, vendo os músicos de rua tocarem animados. Ah, devo dizer que os chineses, apesar da fama de brutos, são super amáveis com crianças! Eu e Lipe fomos parados diversas vezes por pessoas que pediam para tirar selfies com ele. E nunca - nunca - ele deixou de receber sorrisos!

** Escolha gastronômica do dia - Sue Hsiao Liu **

Resolvemos jantar ali por perto mesmo, num dos vários shoppings da região. O critério foi puramente comodidade, já que eu não tinha conseguido internet para pesquisar nada. Encontrei este restaurante de dumplings e vi que era o único que tinha fila. Bom, isso poder significar que a comida é realmente boa ou pode ser apenas um hype. Resolvi arriscar. Pedi o prato mais tradicional da casa, que são os dumplings com recheio de porco, alho e gengibre. Também provei o vegetariano, com espinafre e cogumelos. Curiosamente, achei o segundo mais saboroso. É bom. Aliás, eu tinha achado bem gostoso, até provar o dumpling dos dumplings no Din Tai Fung - mas isso é assunto que rende demais e merece até post exclusivo :P

A cozinha do Sue Hsiao Liu parece cenário de filme!

Mãe Viajante deu 2 estrelas :)

No próximo texto, vou falar também sobre nosso passeio People´s Square, no Museu de Arte Contemporânea e no The Bund, outros pontos turísticos de destaque em Xangai. Vem com a gente!







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