Criando filhos pequenos nas Filipinas: pontos positivos



Viver o desafio de recomeçar a vida em outro país, seja lá por qual razão, é algo que requer muita coragem. Dá frio na barriga, dá vontade de conhecer tudo, dá encantamento e dá angústias na mesma proporção. Imaginem viver todo esse turbilhão em meio a uma gravidez ou com crianças pequenas? Pois é. Não é fácil e contar com uma rede de apoio, mesmo que virtual, ajuda muito. Meu objetivo, com o blog, é compartilhar um pouco com vocês a dor e a delícia da maternidade no exterior. 
Vou começar falando um pouco de mim, para vocês entenderem de onde vim e como vim parar aqui do outro lado do mundo. Sou jornalista nascida e criada em Brasília. Vivi lá durante quase toda a minha vida. Só saí do Planalto Central para vir para as Filipinas, grávida, acompanhar meu marido em seu novo posto de trabalho. Pedi licença não remunerada do meu serviço (sou servidora pública) e vim com a cara e a coragem. O mapa: muito amor.
Estamos em Manila há três anos e, nesse período, passamos por diversas fases. Teve o momento do medo e insegurança, que foi quando cheguei aos cinco meses de gravidez sem conhecer nada e sem ter sequer uma obstetra de confiança. Teve o momento de achar tudo lindo e querer mergulhar na cultura do país. E houve épocas de muita irritação com as diferenças culturais. É que Narciso acha feio o que não é espelho, como canta o Caetano. E viver no exterior é um jogo de espelhos.
Hoje, após enfrentar uma depressão longe de tudo, posso dizer que ter passado praticamente os três primeiros anos do meu filho nas Filipinas tem sido uma experiência mais para boa. Muita gente me pergunta como é viver aqui com criança e, por isso, fiz uma lista dos principais prós e contras. Vou falar primeiro sobre os pontos positivos, que é para encorajar aqueles que pensam em visitar ou mesmo se mudar para as bandas de cá.

1. Excelentes hospitais e profissionais de saúde

Tive meu filho aqui em Manila e não tenho absolutamente nada a reclamar. Meu pré-natal foi ótimo e fui acompanhada por uma obstetra que tem bastante experiência com expatriados. Sempre brincamos que 90% dos bebês de estrangeiros nascidos aqui são bebês da Dra. Henson. Um foi indicando para o outro e assim a fama dela se fez. Além de contar com profissionais de saúde extremamente cuidadosos e qualificados, os principais hospitais são muito bons em infraestrutura. Durante os dias em que passei internada, pude ver o quão amorosos são os enfermeiros e técnicos. Essa docilidade e atenção é uma característica do povo filipino que os torna primorosos cuidadores (eles exportam enfermeiros e babás, por exemplo, e são mundialmente reconhecidos como excelentes nessas áreas profissionais).
Outra vantagem é o valor das consultas. Médicos de primeira linha costumam cobrar em média USD 30 por visita, enquanto no Brasil os preços são muito superiores.

2. Possibilidade de contar com a ajuda de babás

Como eu disse anteriormente, as babás filipinas são famosas mundo afora. Cheguei até a escrever sobre isso nesse texto no site Brasileiras pelo Mundo, do qual fui colaboradora.  A vantagem de criar filhos pequenos aqui é que podemos contar com essa preciosa ajuda sem que seja algo proibitivo, como acontece em outros países. Como vantagens, além da já citada amorosidade, pesa muito a fluência em inglês.

 3. Inglês como língua franca

As Filipinas passaram por colonização espanhola e também tiveram um período sob dominação dos Estados Unidos. Isso significa que, além do tagalo (idioma oficial), o inglês se tornou língua franca. Entre os jovens, quase todos falam, já que o idioma é ensinado nas escolas. Se você fala inglês, não vai encontrar quase nenhuma dificuldade de comunicação. Isso é um baita conforto quando estamos em meio a uma imersão no desconhecido. Criar filho aqui, portanto, passa por esse atrativo: a criança já aprende um idioma que irá usar para o resto da vida.

4. Ótima oferta de escolas internacionais

Em Manila, existem escolas internacionais para todos os bolsos. Em geral, os expatriados com mais dinheiro optam pela Manila International School, que segue o calendário e o sistema estadunidense. Mas aqui também tem Escola Britânica, Escola Francesa, Escola Japonesa, Escola Canadense e por aí vai. Tem também representantes dos métodos Montessori e Waldorf. Ou seja: não faltam boas escolas e creches. Em geral, as aulas são em inglês. Nem todas os colégios internacionais, no entanto, ensinam o tagalo.

5. Proximidade cultural com o ocidente

Por conta da colonização espanhola, que durou 300 anos, e da ocupação estadunidense, que durou cerca de 50 anos, as Filipinas são talvez a nação asiática com características mais familiares para os ocidentais.  Essa proximidade se revela em diversos aspectos. Na culinária, vemos muita presença da cozinha espanhola e do que eu chamo de paladar norte-americano, com seus cafés à la Starbucks, doughnuts, burguers, syrups e outros sabores que sempre me parecem meio artificiais. Bom, há quem ame! Para essas pessoas, eu diria que aqui é o paraíso. Além da gastronomia, vemos o modelo ocidental muito presente no jeito de vestir e na cultura do “mall”, que parece ser a grande opção de lazer em Manila.  As principais redes estão por aqui. Tem Zara, tem H&M, Forever 21 e também todas as grandes marcas do mercado de luxo.

6. Relativa segurança

Posso afirmar, sem receio, que viver em Manila é bastante mais seguro do que em qualquer capital do Brasil. Aqui, ando a pé durante a noite sem medo algum. É óbvio que existe violência, mas a abordagem é diferente. É raro vermos casos de assalto com arma, por exemplo. Penso que tem a ver também com a personalidade do povo Filipino. Morando aqui, a gente percebe que eles não são do confronto direto. Eles têm, inclusive, muita dificuldade para dizer “não” e costumam dar respostas evasivas para fugir de um eventual embate. Então os episódios de falta de segurança que já vi têm mais a ver com furtos e golpes do que com uma violência física. É importante ressaltar, no entanto, meu lugar de fala como o de expatriada que vive na bolha internacional (bairros onde moram a maioria dos estrangeiros e Filipinos de classe média).

7. Praias que fazem o país ser conhecido como o Caribe asiático


As Filipinas são um arquipélago com mais de 7 mil ilhas em pleno sudeste da Ásia. Não é difícil imaginar que algumas das praias mais lindas do mundo estejam por aqui. Destinos como Palawan e Boraccay vivem figurando na lista de lugares paradisíacos em revistas de turismo. O mar não é gelado e a diversidade da vida marinha é fascinante. Para quem gosta de mergulhar, eu diria que as Filipinas são imperdíveis! Os entusiastas de sombra e água fresca, como eu, também não têm do que reclamar. Há praias onde só se chega de avião e depois de barco. Há outras (menos bonitas, é claro) a cerca de 2 horas de Manila onde se pode chegar de carro. De qualquer forma, o país é cheio de refúgios naturais. Os lugares mais paradisíacos, no entanto, costumam ser de acesso algo trabalhoso, o que dificulta o passeio com crianças muito pequenas. Ainda assim, não faltam boas opções para explorar com os brasileirinhos!
No próximo texto, falarei um pouco sobre os pontos negativos da vida com crianças nas Filipinas. Trânsito caótico, poluição e falta de parques públicos podem ser um contratempo, mas nada que a simpatia do povo não compense.

Comentários

Postagens mais visitadas