Criando filhos pequenos nas Filipinas: dificuldades

Já falei aqui no blog sobre os aspectos positivos de se criar um filho pequeno nas Filipinas, especificamente na capital Manila. Como nem tudo são flores, agora é a vez de contar para vocês quais são as principais dificuldades da vida aqui.

Não é nada que faça não valer a pena, mas são questões que devem ser ponderadas na hora de planejar uma mudança. Sabendo de antemão o cenário que vamos encontrar, fica sempre mais fácil organizar a rotina com as crianças.

Aqui vão as coisas que eu gostaria que fossem diferentes:

Poucos parques e áreas verdes

Para mim, o que sinto mais falta são parques e outros espaços públicos bem conservados para brincar com meu filho. Área verde, amplidão, natureza. Parece um paradoxo dizer que sinto falta de natureza quando moro em um país conhecido por sua beleza natural. Acontece que a capital é bem diferente do resto do país. Enquanto as províncias mantêm o ar rural, Manila é uma grande cidade que cresce seguindo um modelo controverso de desenvolvimento, com mais concreto, mais prédios sendo erguidos e mais carros nas ruas.

Pequeno parque cercado por prédios e mais prédios


Desde que cheguei aqui, em 2014, vi uma série de parques virando canteiros de obras. É bem triste, mas é a realidade. Ao menos na bolha internacional, as crianças acabam brincando mais dentro dos condomínios ou em espaços específicos nos shoppings.

Os malls, aliás, são o grande centro de diversão e entretenimento em Manila. É cultural, por conta da influência estadunidense (as Filipinas estiveram sob domínio dos EUA por cerca de 50 anos). Se você, como eu, prefere diversão em parques abertos, Manila oferece poucas opções.

Trânsito e poluição

Esses pontos negativos estão ligados ao modelo de crescimento da cidade, que mencionei no item anterior. O trânsito aqui é muito caótico, com todo tipo de meio de transporte ocupando a pista ao mesmo tempo: jeepneys (transporte coletivo que é a cara das Filipinas), carros, ônibus, triciclos, motos e bicicletas.

O caos impera no trânsito das Filipinas 

Sabe aquele conceito de hora do rush ser de manhã cedinho e por volta das 18h, no fim do expediente? Esqueçam! Aqui a hora do rush é estendida para praticamente o tempo todo, todos os dias. Quer sair de casa às 3 da tarde de uma quarta-feira qualquer? Vai pegar trânsito. Sábado à noite? Vai pegar trânsito. Não tem para onde correr. As opções de transporte coletivo são precárias e mal conservadas e não há planejamento para integração/comutação.

Há diversas pesquisas que confirmam o trânsito em Manila como um dos piores do mundo. Em 2015, o Waze considerou a capital filipina como a pior de todas, ao lado de Mumbai, Jakarta e São Paulo, por exemplo. As pessoas estão acostumadas a passar muitas horas do dia em engarrafamentos. Então muita gente vai para os shopping centers passar  o tempo no ar condicionado até o trânsito melhorar. Viram como os modelos se retroalimentam?

Quanto à poluição, é um efeito óbvio dessa quantidade de carros nas ruas. Nos meus primeiros dois anos aqui em Manila, tive várias crises de sinusite. Os problemas respiratórios são comuns e as crianças são quem mais sofre. Além de rinites, sinusites e afins, a poluição também traz irritações na pele. É claro que o clima muito quente também tem participação, mas a má qualidade do ar é uma grande vilã para os pequenos.

Cidade não pensada para os pedestres

Ainda na linha do modelo que privilegia os carros, vale dizer que Manila não é nada amigável para pedestres. No site Brasileiras pelo Mundo, já contei com mais detalhes meus perrengues diários como caminhante. É que flanar pelas ruas pode virar uma experiência tenebrosa aqui nas Filipinas. Na capital, a maioria dos bairros não conta com calçadas. Quando elas existem, estão em péssimo estado de conservação. Daí o resultado é que os pedestres precisam dividir espaço com os carros nas ruas. Tenso. Para quem pretende andar com carrinho de bebê, então, o desafio fica ainda maior!

Com péssimas calçadas, pedestres e carros disputam espaço nas ruas.

É claro que há exceções. O bairro de Fort Bonifacio, por exemplo, tem uma espécie de shopping de rua que eles chamam de High Street. Lá, os carros são proibidos e é uma delícia passear com as crianças.

Eu acho o Fort, também conhecido como BGC, o melhor bairro para morar com filhos pequenos. Os condomínios são bastante pensados para as crianças, com parquinhos e tudo mais. E o bairro é o que mais permite uma experiência a pé sem muitos sobressaltos. Lá também tem o Mind Museum, que é voltado para o público infantil.

Se não fosse longe do trabalho do meu marido, nós moraríamos lá com certeza. Tudo para andar a pé sem medo de ser feliz! É flanando, afinal, que as crianças vão também ganhando autonomia e vocabulário. É bem melhor do que ver o mundo pela janela do carro, concordam?

Tufões e longa temporada de chuvas

Se tem uma coisa que aterroriza os Filipinos são os tufões. Eu diria que mais até do que terremotos. Todo mundo tem uma história para contar e até hoje eles são marcados pela destruição causada pelo Super Tufão Yolanda, que devastou regiões do país em 2013.

A grande quantidade de tufões pode ser explicada pela localização das Filipinas, próxima à linha do Equador, e também por ser um conjunto de 7 mil ilhas rodeadas por muita água. Daí que isso tudo cria as condições perfeitas para a existência de muitas tempestades tropicais.

A segunda metade do ano marca a temporada de chuvas e tufões. Vale destacar que nem todo tufão é como o Yolanda. Há os mais fracos, que trazem ventos e muita chuva, mas que não devastam. No entanto, mesmo os tufões mais fraquinhos causam enchentes, deslizamentos de terra e outras consequências que afetam o dia-a-dia da população.

É muito comum que as aulas sejam canceladas quando tem tufão passando pelo país, mesmo que seja fraco. Isso porque, com as chuvas, o já caótico trânsito fica ainda mais impossível e nem os professores conseguem chegar às escolas.

Terremotos

As Filipinas ficam no chamado Círculo de Fogo do Pacífico, região de grande instabilidade e extremamente propensa a terremotos, atividades vulcânicas e outros fenômenos da natureza. Diversos pequenos abalos são registrados todos os dias, mas a maioria é imperceptível. Desde que cheguei aqui, já senti dois tremores grandinhos e a sensação é horrível.

O governo trabalha com a possibilidade de que um terremoto de proporções devastadoras vá acontecer a qualquer momento. Isso porque o Instituto de Sismologia filipino fez uma pesquisa que mostra que um grande terremoto (de 7 a 10 na Escala Richter) acontece no país a cada 400 anos. E, voilá, já estamos quase completando um novo ciclo!

Com o fantasma do “Big One” rondando, o governo tem investido em treinamentos e simulações, que eles chamam de earthquake drills. As empresas fazem treinamentos, as escolas, os prédios. A ideia é que a população já tenha internalizado como reagir.

Eu escrevi no Brasileiras pelo Mundo sobre a preparação para o chamado Big One aqui nas Filipinas. Se vocês morrem de medo de terremoto, assim como eu, vale dar uma olhada!

Procurei listar os principais pontos negativos da vida com crianças por aqui. Quero ressaltar que, para mim, nenhum deles torna a vida inviável ou me faria deixar de morar em Manila.

Como eu escrevi no post anterior, o país oferece muitas oportunidades e traz diversas coisas boas, sendo a principal delas o astral acolhedor e amigável do povo filipino.

Comentários

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